sexta-feira, 29 de julho de 2011

POBREMA, POBLEMA OU PROBLEMA???????

Há muitos anos atrás, no século passado, fui assistir às aulas de português de uma professora muito afamada de minha cidade num cursinho. Lotação esgotada. Todos aguardavam a mestra ansiosamente. A primeira aula seria de ortografia. E por falar em ortografia, eu e meu cunhado (e fiel escudeiro, companheiro de todas as "estudanças") não pudemos deixar de ouvir a conversa entabulada entre duas moçoilas que estavam sentadas à nossa frente.
A primeira, com caneta de pluminhas cor de rosa:
_ Por falar em ortografia, o certo é "poblema" ou "pobrema"? 
A outra, com ar de inteligência, portando uma canetinha que ostentava uma florzinha presa à ponta por uma minúscula mola, respondeu, seriíssima:
_Depende. Se for caso de saúde, é "pobrema". Se for assim, da vida pessoal ou do trabalho, aí é "poblema"...agora, se for de matemática, é sempre PROBLEMA.
A primeira das mocinhas,  orgulhosa e completamente convencida do brilhantismo da colega, entusiasticamente exclamou:
_Ah, tá!
E começaram a falar sobre as cores dos esmaltes de unha de uma e de outra.
Eu e meu cunhado até hoje nos lembramos do episódio como quem se recorda de uma abdução por alienígenas: vimos, ouvimos, estávamos ali, em carne e osso, mas teria sido aquilo real ou mero produto de nossa imaginação?????????

Renata Pinheiro Nogueira Nicolau

_Dona Leonooooooooor!

De posse de um documento que precisava urgentemente ser entregue, rumei apressadamente a uma cidadezinha vizinha, à procura de uma tal Leonor dos Anzóis (uso "dos Anzóis" para um sobrenome cuja identidade desejo preservar ou quando não me recordo mesmo do sobrenome verdadeiro). Não tive nenhuma dificuldade para chegar ao endereço, precisamente indicado. Para a alegria de meu pai, que acha uma grosseria gritar o nome das pessoas para chamá-las, no local não havia campainha. Então, à finíssima Lady nada restou senão chamar pela destinatária do documento. Comecei timidamente, em tom quase que gutural, batendo palmas e falando rapidinho:
_Dona Leonor! Dona Leonor!
Nada. Ninguém.
Caprichei nas palmas e aumentei o volume de 2 para uns 5,5, mais ou menos:
_Dona Leonoor! Dona Leonoor!
Do local ninguém veio, mas a vizinha do lado botou a cara para fora, rapidamente, e deu um sorrisinho, sem nada dizer, voltando ao seu castelo. Deixei a timidez de lado, aumentei meu volume ao máximo e, com toda a força que a minha taquara rachada permitiu, gritei a plenos pulmões:
_Dona Leonooooooooooooooooooooor! Dona Leonoooooooooooooooooooooooooooooooooorrrrrrrrrr!
Foi quando, da casinha situada lá nos confins do terreno, surgiu uma senhorinha que devia ter uns oitenta e tantos anos, bem magrinha mas muito arretada, que, com um vozeirão de fazer inveja ao William Bonner, chamou alguém lá de dentro:
_Nonôôôôô! Nonôôôôô! Tem uma moça aqui . E tá "le chamano de mulé"!
E saiu então o "seu " Leonor, cabra macho, de cuja cara não consigo me lembrar tamanho o constrangimento por ter lhe alterado o gênero. Gafe imperdoável. Com cara de poucos amigos, praticamente arrancou-me o documento das mãos, assinando após o "X" e devolvendo-me a prancheta num gesto nada amistoso. Virou-se de costas e, ofendidíssimo, retornou para seu claustro. Fiquei ali, sozinha se não fossem alguns passantes e vizinhos que nem percebi estarem ali, curiosos e rindo da situação.
Então, um conselho precioso àqueles que porventura se depararem com uma casinha sem campainha em cujo interior exista uma pessoa desconhecida que necessitem, por estrito cumprimento do dever legal, chamar: NÃO USEM ARTIGO DEFINIDO ANTES DO NOME! Gritem, esperneiem, chorem, clamem com toda a força de suas gargantas SOMENTE O NOME DA PESSOA. Nunca se sabe quem virá atender a porta.